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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Um final não-feliz para sempre.

Era uma vez um ser vivo. Não era uma princesa. Não era um ser encantado. Não vivia em um castelo. Não tinha poderes mágicos, fadas madrinhas, madrastas malvadas, e todas outras bobagens encantadas. Era simplesmente um ser vivo com uma vida, que fazia o seu melhor a cada dia. Alguém que não esquecia das marcas que a vida lhe deixou. E que tinha sentimentos como cada pedaço do planeta.

Um dia ele se sentiu vazio, normal isso. Normal agora, que se tornou rotina. Ele procurava por algo novo, algo que o faria se sentir vivo novamente. Mas parecia que nada se importava com ele, afinal quem ligaria quando se tem para vender e ocupar espaços com sonhos considerados tão lindos quanto os contos de fadas.E graças a isso, a cada instante ele caia mais e mais entregue a inércia mundial que o rodeava.

A busca por uma alma modificada que o completasse era pior a cada dia. E assim o tempo foi passando. E o conformismo trouxe a alegria. "Se na sociedade não existe alguém, eu não chorarei pelo inexistente." E ele repetia isso a cada dia, quando a dor lhe apertava mais enquanto olhava o pôr-do-sol. A tristeza tornou-se um mantra em sua vida. Pobre ser vivo normal, ele não percebia que tudo aquilo era apenas injúria por não ter algo fantasioso na vida. Ele não conseguia nem ver o contraste das cores, ou ouvir o canto dos pássaros.

E assim o ser vivo alterava-se para ser não-tão-vivo a cada novo dia. E quando finalmente algo novo surgiu, ele apenas ignorou. Ele já estava feliz definhando. Com isso o máximo que ele fez foi sorrir a ver aquela nova alma cheia de vida, radiante de tudo que despertava curiosidade de conhecer e ir embora. E assim mais uma vida foi desperdiçada.

Tristeza e solidão disfarçadas de alegria egocentrica. E o fim doce e dançante chegou, como a tristeza disfarçada de satisfação que se tem quando se acaba de comer uma bala. Um gosto de quero mais amargo que se gruda a língua, mas que é ignorado.

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