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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O zero absoluto negativo.

Sabe quando o fim do poço não está mais tão longe? Quando você abre os olhos e percebe que já está de joelhos nele, encolhida numa posição fetal para diminuir a dor da vida? Quando a idade te maltrata emocionalmente, te insultando a cada instante por não ter dado valor as coisas? Quando a solidão não é a sua melhor amiga, pois até ela se foi. É nesse momento em que me encontro, encolhida do mundo, chorando por tudo e por nada.

Da infância perdida só sobrou as lembraças com a desilusão atual. Saudades dos dias em que poderia cair de cara e levantar rindo, sem nenhum arranhão. Sem dor, sem arrependimento, sem marcas que ficarão para sempre. Chegou o ponto em que as lágrimas só abrem as feridas, e ao descer o rosto o rasga como se fosse ácido. Morfina nenhuma pode diminuir as doras da existência, aprofundada a cada instante, sendo potencializada a cada adeus silencioso.

Viajo em sonhos ao passado, e ao futuro imaginado. Rezo a Deus qualquer mudar a rotina, ou por um coma imerso num sonho de infância novamente. Anjo ou santo de religião nenhuma conseguirá o milagre de invertar o tempo e as ações. Corro atrás de mim ainda menina, tento ensina-lá a mudar. De que adianta o meu passado ter criado um caratér, se não existe como o exercitar?

"Nascemos sozinhos e morremos sozinhos." A cada instante me desafio a filosofar sobre a vida e a morte, e a única verdade é que adquirimos a solidão do mesmo jeito que a mente cansada adquire o esquecimento. Como forma de evitar choros desnecessários a solidão vem, e fica. Fica por anos a fio, e te deixa.

De tão inerte que o mundo ficou nem o choro mais tem barulho. Nem o silêncio chega a ter som de silêncio. Sobrando assim apenas o negativo de tudo que vai muito mais além do que o nada. Choro novamente por tudos, por todos, e por nada. Principalmente por aqueles que já foram tudo e me deixaram apenas uma lição incompleta a compreender: A vida. Ou melhor, a minha vida. 

Poetisa da vida acabei me tornando, presa num cotidiano inerte que parece se alongar a cada batida desritmada de um coração fálido de vida. Quando a saudade expressa pelas palavras não passam de uma mera desculpa para a mente que na verdade clama um soco. Linhas estúpidas fugindo da lama que me envolve, e chegando ao mundo como um grito mudo. Ninguém viu nada, ou ouviu. E assim mais um morre com todas as palavras sufocadas, expressa apenas na literatura que nunca será estudada.

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