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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O fim.

A lápide foi tirada de lugar, e agora o passado e tudo que já se foi está livre. Cada ato, palavra, suspiro, e surto está livre flutuando pelo ar e contaminando o oxigênio a sua volta. Num giro brusco se depara com os fantasmas de uma vida desperdiçada. Mortos e vivos, todos a encaram esperando ouvir aquelas três palavras que muda o sentido de uma vida, e que nunca foram proferidas por essa boca que tanto sentiu isso em seu coração.

Nunca houve tantos olhares significantes voltados antes para tão insignificante ser. Antes ela tinha a desculpa de ser tão gelada por ser apenas criança, ou uma garota atordoada, mas agora tudo o que sobrou é um semblante estúpido incapaz de se mover por medo do vento a desmontar. Havia tantas feridas expostas em seu corpo frágil de alma que a cada batida do coração a sua vida era tomada. Havia feridas e dor, mas não havia sangue.

Tinha tudo e ao mesmo tempo não tinha nada. O sangue não corria, assim como a vida em suas veias. Tinha uma alma e um coração batendo, mas não dentro dela. A lápide remexida não era do passado, mas sim sua. Isso era tudo no que uma vida se resumia, fantasmas e dor contaminando um ambiente. Exceto pelo pequeno ponto mais dolorido da visão dela, o ponto tão chato e irritante que ela havia ignorado como se fosse uma pequena inflamação na córnea.

De um canto branco se transformou num amor passado. Agora tudo fazia sentido, o incõmodo não era apenas na córnea, mas sim em sua existencia. Ele ainda estava lá por ela, mesmo depois da sua morte por falta de ação. Talvez ele esteja ali porque o amor realmente importa algo, ou talvez apenas seja o destino causando dor à ela.

Era como se o mundo tivesse encontrado o fim, estando apenas os dois ali num cruzar de olhares incômodo. Nada foi feito novamente, e assim o momento morreu como começou. Num oi engolido, num abraçado recolhido, e na esperança morta no final.

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