Páginas

domingo, 20 de setembro de 2015

Sobre o começo de tudo.

Em menos de um mês completo mais um ciclo de vida, mais 365 dias vividos em uma das melhores cidades do país. E novamente sinto uma angústia instalada no peito. Talvez pertinente ao pensamento de não achar que estou vivendo todas as oportunidades que possuo. Ou talvez seja apenas o fato de que novamente meu corpo retira um momento para me lembrar o que é dor, e que eu não tenho saúde para todas as oportunidades que o destino me apresenta. 

Nunca imaginei que viveria tudo isso, muito menos os médicos que me acompanharam desde previamente ao meu nascimento. Palmas à medicina, pois aqui estou porém a sensação de que algo me falta em relação ao meu próprio ser cheio de limitações sempre me atordoou. 

Nunca sonhei com o que eu faria no futuro. Nunca me imaginei adulta. Nunca me imaginei terminando uma faculdade ou trabalhando. Nunca me imaginei compartilhando a vida com alguém, e criando planos para o futuro. Nunca me imaginei viva até esse ponto, ou poderia até ter me imaginado em circunstâncias diferentes nas quais eu estaria numa cama de hospital. Ou morta, já que desde criança eu sempre deixei meus pais cientes de quais seriam os meus preparos fúnebres. 

Eis o meu maior dilema, e meu maior segredo. Não sei me imaginar vivendo no futuro, já que isso é algo que eu só fazia quando criança em forma de válvula de escape nos dias em que a dor era muito forte, e que eu queria pensar em algo bonito no lugar de um suicídio. 

Só sei que sinto necessidade em escrever, em abrir o peito numa folha de papel e jogar tudo que paira em minha mente em linhas tortas que distrai a minha mente das terminações nervosas que insistem em causar dor, e em todos os pensamentos que vem junto dela. Sinto necessidade em fechar os olhos e imaginar a próxima frase, como se dessa forma fantasiosa pudesse me criar um novo futuro através do ato de estimular a vontade de sonhar com este dito cujo.

Num espaço fechado em minha mente tremo entre as decisões de sonhar com o futuro e ficar frustada com o que pode acontecer, e entre o não imaginar e viver a vidas as cegas sem ter algo que me impulsione. Apesar que a minha escolha é bem óbvia, porque se eu não me importasse tanto com o futuro não viveria presa neste tipos de pensamentos e delírios de todos os frutos que a vida ainda pode me dar. Muito menos teria gasto uma manhã escrevendo tudo isto, para finalizar com um sorriso torto e agridoce nos lábios. 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Meu eu.

Venha meu eu, aquiete o seu choro baixo no embalo do meu peito. Adentre no sono sonâmbulo sem preocupações, e abrace forte esse nosso coração ao embalo de duas cordas vocais que cantam com pesâr. Chore tudo que precisar chorar, tudo que ainda está entalado e que eu nunca permitir sair ou entrar. 

A tormenta já passou junto com os anos de lamentar. Os destroços já foram remontados, e as flores do quintal já voltaram a desabrochar. Ignora este eco, que atualmente só serve como trilha sonora para as noites mais densas. 

Venha meu eu, abrace todo o mundo que nos resta a conquistar. Abraça essa depressão, e aceita que são estas inconstancias que vão nos embalar ao mundo de orpheu. Não tome esses comprimidos e me abrace, apenas me deixe cuidar com zelo de todo essa singularidade que não passa de perfeição. 

Apenas me abrace doce depressão, e me deixe amar todo o meu ser.