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domingo, 23 de julho de 2017

Ode ao desespero

Eis uma ode ao desespero.
Cantai até que todas as suplicas sofridas desapareçam. Até que a voz rouca de choro deixe de ecoar, tornando-se num breve sussurro. Até que as lágrimas cristalizem-se. Até que todo o medo de deixar de existir morra ao Sol.

Enchei seus pulmões de ar e cantai esta canção. Deixe a voz fluir embargada de emoção ao descarregar aquilo que lhe sufoca.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Vida em 2017...

Em algum lugar desolado do caminho para a vida adulta perdi a minha suposta alma. Parece algo raso, e sem sentimentos. Talvez realmente seja, mas em algum lugar no meio do percurso de envelhecer você perde a sua essência anterior para cada pequena obrigação que lhe é imposta pela sobrevivência em sociedade. As vezes você perde quem você é de tanto ouvir as pessoas lhe disserem como deve ser a sua vida, outras pode ser cada problema que você precisa encarar sozinho sem sobrecarregar ombros amigos. Mas a certeza é que a cada mês a essência que te torna uma pessoa única no universo se esvai. E a cada mês uma nova faceta é criada para encarar o mundo novamente.

E não há nada maior do que perceber que as vezes você apenas se cansa sem retorno ao ser enterrado no meio de obrigações mundanas. Que não importa quantas horas de sono sejam realizadas que todo cansaço mental continua a ser uma constância. Ai entra o belo dilema de encarar tudo de pé, ou entregar-se para a frustração eterna. De chorar como um bebê ou engolir tudo como adulto. De se cansar com um sorriso na cara ou engolindo mágoa. Ou simplesmente aceitar o quão mesquinho e invejoso você pode se tornar ao observar as outras pessoas aparentemente suportarem tudo isso enquanto conseguem consolidar os seus sonhos. 

A vida adulta definitivamente não é fácil. E com certeza me encontro perdida entre a linha tênue de ser uma adolescente inconsequente e uma adulta indiferente. 

domingo, 3 de janeiro de 2016

Ode ao inevitável.

Até quando este ser continuará a sobreviver sendo tão romântico sem cura? Não sei mais o quanto poderei suportar de sentimentos engolidos que apenas são expostos através da escrita, nem até quando eu aguentarei sorrindo ao ver um amor querido partir por ser incapaz de expressar egoísmo ao pedir para ficarem. 

E eis a mais pura verdade, um escritor só ama a partir do momento em que eterniza a outra pessoa em poesia. E é exatamente isso ao qual tenho evitado de fazer há meses por medo de admitir aos meus versos tortos que agora o objeto do meu afeto é outro alguém com o qual não terei futuro. 

Neste momento não há canções que me confortem, ou ombros amigos para compreender o quanto essa dor agridoce me sufoca, muito menos o embalar de um sono tranquilo. Talvez seja culpa do estado febril de mais um gripe na cidade da garoa e não o delírio de uma dor emocional se tornando física. Talvez seja apenas mais um sonho no lugar de uma mania infantil que persiste em me deixar doente toda vez em que possuo um grande desejo sobre algo e não consigo alcançá-lo. 

Mas a única certeza que tenho neste momento é que o amo, e que os estou eternizando na história da minha vida escrita. Aqui deixo toda saudade daqueles sorrisos tortos, dos beijos na orelha, do abraço esperando por longos períodos, e da sensação de acordar feliz e de mãos dadas. 

domingo, 20 de setembro de 2015

Sobre o começo de tudo.

Em menos de um mês completo mais um ciclo de vida, mais 365 dias vividos em uma das melhores cidades do país. E novamente sinto uma angústia instalada no peito. Talvez pertinente ao pensamento de não achar que estou vivendo todas as oportunidades que possuo. Ou talvez seja apenas o fato de que novamente meu corpo retira um momento para me lembrar o que é dor, e que eu não tenho saúde para todas as oportunidades que o destino me apresenta. 

Nunca imaginei que viveria tudo isso, muito menos os médicos que me acompanharam desde previamente ao meu nascimento. Palmas à medicina, pois aqui estou porém a sensação de que algo me falta em relação ao meu próprio ser cheio de limitações sempre me atordoou. 

Nunca sonhei com o que eu faria no futuro. Nunca me imaginei adulta. Nunca me imaginei terminando uma faculdade ou trabalhando. Nunca me imaginei compartilhando a vida com alguém, e criando planos para o futuro. Nunca me imaginei viva até esse ponto, ou poderia até ter me imaginado em circunstâncias diferentes nas quais eu estaria numa cama de hospital. Ou morta, já que desde criança eu sempre deixei meus pais cientes de quais seriam os meus preparos fúnebres. 

Eis o meu maior dilema, e meu maior segredo. Não sei me imaginar vivendo no futuro, já que isso é algo que eu só fazia quando criança em forma de válvula de escape nos dias em que a dor era muito forte, e que eu queria pensar em algo bonito no lugar de um suicídio. 

Só sei que sinto necessidade em escrever, em abrir o peito numa folha de papel e jogar tudo que paira em minha mente em linhas tortas que distrai a minha mente das terminações nervosas que insistem em causar dor, e em todos os pensamentos que vem junto dela. Sinto necessidade em fechar os olhos e imaginar a próxima frase, como se dessa forma fantasiosa pudesse me criar um novo futuro através do ato de estimular a vontade de sonhar com este dito cujo.

Num espaço fechado em minha mente tremo entre as decisões de sonhar com o futuro e ficar frustada com o que pode acontecer, e entre o não imaginar e viver a vidas as cegas sem ter algo que me impulsione. Apesar que a minha escolha é bem óbvia, porque se eu não me importasse tanto com o futuro não viveria presa neste tipos de pensamentos e delírios de todos os frutos que a vida ainda pode me dar. Muito menos teria gasto uma manhã escrevendo tudo isto, para finalizar com um sorriso torto e agridoce nos lábios. 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Meu eu.

Venha meu eu, aquiete o seu choro baixo no embalo do meu peito. Adentre no sono sonâmbulo sem preocupações, e abrace forte esse nosso coração ao embalo de duas cordas vocais que cantam com pesâr. Chore tudo que precisar chorar, tudo que ainda está entalado e que eu nunca permitir sair ou entrar. 

A tormenta já passou junto com os anos de lamentar. Os destroços já foram remontados, e as flores do quintal já voltaram a desabrochar. Ignora este eco, que atualmente só serve como trilha sonora para as noites mais densas. 

Venha meu eu, abrace todo o mundo que nos resta a conquistar. Abraça essa depressão, e aceita que são estas inconstancias que vão nos embalar ao mundo de orpheu. Não tome esses comprimidos e me abrace, apenas me deixe cuidar com zelo de todo essa singularidade que não passa de perfeição. 

Apenas me abrace doce depressão, e me deixe amar todo o meu ser. 

domingo, 9 de novembro de 2014

02:56

Sob o céu púrpura da cidade cinza, a insônia ataca com esmero contra o seu fim. Trazendo a tona todo o desespero de pequenos universos carnais, que vacilam ao leve toque mental da mortalidade. Anos se passaram desde o seu último encontro, e mesmo assim todo o medo do passado incerto toma seu lugar de volta pela mera lembrança de que o fim se aproxima.

Foram longas sete décadas de um filme da vida sem uma trilha sonora adequada. Cada cena de impacto, ou de procrastinação não recebeu a sua devida homenagem. Todos os louros foram entregues aos tolos escravos da utopia, que roubam o brilho nos olhos de uma heroína brava e depressiva.

Todo o seu universo interno modifica-se com pesar. Aqui está mais uma alma que necessita do amor do toque humano. Mais uma entre as diversas mulheres que choraram e sangraram em nome da vida digna. Mais uma que não recebeu prestígio ao seu coração de aço. E que nunca se entregou durante uma guerra santa que abalou o seu coração. Mais uma alma sonâmbula sob o céu púrpura da cidade de São Paulo.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Despertar.

A vida adulta começa quando você percebe tudo que está errado com o mundo. Mas não só percebe, e sim sente algo por isso. Seja raiva, dor, angustia.

Quando finalmente cada dor de crianças do outro lado do mundo te afetam, e te fazem julgar cada detalhe da sociedade afim de poder mudar o destino delas. Quando cada choro dói em sua alma, e lhe tira o sono ao acelerar a sua mente que procura incessantemente por um método de tudo que é ruim acabe.

Esse sim é o momento crucial.
É a hora da verdade, na qual se diferem bestas de seres humanos.
É quando a pergunta que não cala em sua mente é "Quantas mais Anne's Frank's vão precisar morrer para o mundo mudar? E mesmo após isso, uma hora toda essa crueldade terá fim?"

E tudo o que sobra é a dor alheia ressoando dentro do seu peito, que não sabe o que fazer para se acalmar enquanto o mundo de quem nunca viveu é destruído.