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sábado, 16 de junho de 2012

Amnésia, Alzheimer, ou Inércia.

Não me lembro do meu sonho, nem do livro ali escrito, muito menos das palavras e emoções ali descritas. Não me lembro de nada, só da folha sendo preenchida com palavras para aliviar a minha consciência. Mesmo não me lembrando nem quem eu sou, eu ainda me lembro do seu rosto, e me lembro que no meu sonho tinha algo muito fora do contexto nele. Seu rosto estava ali, mas tudo estava errado. Minha mente, minhas emoções, e principalmente você; tudo errado. Mas agora tanto faz, até porque eu não me lembro mais disso.

Amnésia, Alzheimer, ou Inércia. Agora tanto faz quando fez anteriormente, a mente já está em branco mesmo. Você e o livro que conta a minha história já se foram, e nenhuma lembrança disso restou. Até mesmo aquela música especial que um dia poderia ser a nossa música não está mais aqui. Todo passado finalmente foi passado pra trás, toda memória foi apagada. Adeus vida passada, olá 30 segundos do recomeçar do zero.

Mas só mais uma coisa, do que é que eu estava falando mesmo?

domingo, 3 de junho de 2012

Apenas continue aqui.

Cada linha, cada cor agora tão clara aos meu olhos. E pensar que eu gastei todo esse tempo apenas desejando ver esse rosto que me acalma o coração. Suas pálpebras levemente magenta. Seus finos e sorridentes lábios, que se curvam tão sutilmente quando fala. As olheiras, que deixavam claro o nível de insônia causado pela hiperatividade. Olheiras tão profundas e sutis, e que estranhamente enquadravam tão docemente seus olhos tão iluminados, olhos tão imensamente negros. Agora eu percebo o quão importantes são os detalhes. O quanto menor ele for, maior o seu impacto no meu ser.

Ainda consigo distinguir o seu cheiro e gosto que grudou-se ao meu corpo. Na minha mente ainda se repete os seus gestos atrapalhados, suas esquivas rudes, e até mesmo o seu rosto vermelho, e som do seu coração acelerado enquanto hiperventilava por estar ao meu lado.

Mas nós não conseguimos achar o nosso caminho para o futuro, cada um virou numa direção e seguiu sem pensar no nós. Tudo o que me restou foi a minha tristeza - a única que não vai me abandonar, que nasceu comigo e assim pra sempre será - e um cigarro imaginário em minha boca. Imaginário, já que eu sou tão medroso que evito até vicios futuros, ou qualquer inutilidade impactante numa vida.

O rastro impactante de dor deixado pela lágrimas no meu coração já não me preocupa mais. Até consigo sorrir normalmente, mas meu corpo debilitado ainda sente a sua falta. Agora me vejo obrigado a te transformar em literatura a cada dia em que a saudade é mais amarga do que eu posso aguentar. Trago mais uma vez o oxigênio, e escrevo uma nova linha sem sentido enquanto imagino os seus lábios a procura dos meus. Escrevo mais um livro com o meu final feliz inexistente, e com a mesma frase final: Apenas continue aqui, mas não só até o fim.