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sexta-feira, 22 de abril de 2011

À Noite.

Encaro o laranja do pôr-do-sol se degenerando no céu pré-noite. O que era laranja e cheio de vida se torna branco, a ausência de tudo, para enfim se tornar preto e com pontos brilhantes estelares. Meus olhos fixam-se no funeral do dia que ocorre sobre a minha cabeça. A transformação de algo dito belo e alegre, o dia, em algo pseudo horrível. Luz contra sombras, e no meio termo o vazio.

No meu DNA paulista encontra-se algo que age como um vício, o ato de olhar para o céu para terminar com os conflitos filosóficos dentro de mim. É como se voltar ao passado, usando o céu como bússola só que agora para achar o caminho de volta ao meu eu.

Olho para o céu novamente, agora o céu veste uma capa negra com pontos brilhantes de cores diversas, todas elas estando dez vezes mais encantadoras do que seriam durante o dia. É como se apenas quando tudo se fosse após o vazio temporário, que finalmente algo belo possa existir.

Entre tudo isso tem um ponto maior e mais belo, a primeira estrela a aparecer no céu. Aquela que é amada por pessoas sonhadoras, e que realiza desejo de necessitados e, pedidos de corações sofredores. E a essa é a que eu chamo de amiga, pois em cada dilema em minha vida, lá estava ela no céu, me ajudando a me reerguer, e a me focar numa saída.

Eu prefiro a escuridão, prefiro ela dentro de mim do que a luz que sempre vai embora. Eu quero a beleza real das coisas, não a perfeição temporária. Quero um único ponto de luz após o vazio, não luz que machuca e que acaba em segundos. Não quero sempre a tempestade antes da calmaria.

Não me traga uma falsa luz, não me deixe sob o dia. Quero a noite, quero a escuridão, quero algo real e belo, quero as estrelas. Quero minha bússola mental sobre minha cabeça e gravada nas minhas pálpebras. E acima de tudo, quero algo que possa me ajudar a enfrentar o vazio de cabeça erguida, ou seja, a minha estrela que é a única que pode ler o meu coração.

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