Páginas

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Memento Mori.

E mais uma vez aqui você e eu, sentados olhando as estrelas. Nossos corpos estão ficam tão gélidos quanto o de fétidos cadaveres, mas tudo bem já que estamos juntos. O frio extremo invernal parece apenas um sopro refrescante nesse instante. Hipotermia? Foda-se isso, prefiro passar mal de frio ao seu lado do que ser feliz sozinho no verão infernal deste país tropical.

A única coisa que me gela a espinha é quando você brinca com meus cabelos com seus finos dedos congelantes. Mas toda vez que suas digitais são pressionadas contra minha fraca carne, sinto minha alma ser queimada. Devo ter chegado ao ponto em que ser amado é tão bom que não importa as dores.

E como sempre a noite chegou ao seu apice. A lua sofredora apareceu no céu. E embalados pelo som das estrelas começamos a nossa Danse Macabre. Em passos ritmados deixamos de tocar o chão, pisando apenas no que deixamos para trás da vida corporea. Vejo agora suas rubras maçãs mudarem de cor, e a ficarem mais expressivas graças ao seu sorriso geral pela batida que altera o que sobrou dos seus batimentos cardiacos.

Bata palmas três vezes, agora um plié, em seguida gire e caia. Está tudo pronto, nada mais sobrou. Deitados em campos de rosas mortas seremos banhados pela lua. A pigmentação escura das pétalas prestes a se despedaçar irá envolver os nossos olhos. No escuro seguiremos dançando, e celebrando nossos últimos minutos de alegria viva.

Abra bem os seus olhos. Atice seus instintos. Sinta o doce aroma da morte ao seu redor, e observe tudo ficar mais belo. A eternidade não tem uma gosto bom?

Nenhum comentário:

Postar um comentário