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terça-feira, 7 de maio de 2013

À noite.

Eu havia me esquecido do quão belas e intrigantes são as estrelas, e o quão bem eu me sentia ao me imaginar ser uma formiga em relação ao seu brilho. A última vez na qual eu me deitei e olhei para as estrelas eu estava chorando ao ponto de sentir sangue na garganta pela força exercida para reproduzir algum som, e respirar ao mesmo tempo. Ainda me lembro do desespero em me ver sozinha, e do conforto da inércia que chegava aos poucos.

Respiro fundo ao me lembrar de todas as vezes na qual transformei em estrela guia alguém ao qual eu não pude dar um devido adeus, relembro de todos os rostos e do quanto sempre doeu em minha garganta essas palavras entalas que nunca serão ouvidas. Já encarei o destino faz tempo, mas vivo com a duvida constante de quando isso acontecerá novamente e se eu poderei finalmente ter um final.

O vento gelado ao soprar congela minha carne e ossos fragilizados pela falta de peso junto de um resfriado irritante, me lembrando para entrar antes que a febre apareça para torturar minha armadura carnal. Continuo o meu caminho para o calor e aconchego de casa, enquanto a mente focaliza nos abraços amorosos que tem me rondado.

Olho mais uma vez para o céu melancólico, tão escuro quanto os meus olhos nos momentos desprovidos de alegrias e grandezas. Me fundo com a sua essência, me tornando tão vasta e desprovida de luz própria. Mas isso até que não é tão ruim, afinal ser apreciada pela imagem criada por singelos corpos mortos luminosos tem lá seu quê de beleza, e viver correndo atrás e  fugindo da claridade e do calor do dia torna tudo mais especial durante os momentos escuros.

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