Eu poderia cantar para você ao te embalar para os sonhos.
Poderia mudar meu timbre de voz,
suavizando-o ao ponto que fosse confortável aos seus ouvidos.
Talvez eu até conseguisse chegar perto do seu tom aveludado.
E mesmo quando fosse sussurradas pela minha boca as palavras mais ternas do universo,
isso tudo ainda não seria relevante.
Eu poderia estar sempre aqui por você.
Poderia guardar seu coração no lugar mais quente e protegido do universo.
E ainda poderia lamber suas feridas para retirar o amargo delas.
Mas mesmo assim eu nunca seria a primeira pessoa ao qual você procuraria quando machucado.
Admiraria a sombra da sua silhueta criada pelas luzes fracas.
E cansaria a minha visão ao tentar evitar que minha cegueira te consumisse.
Mas você não está no alcance de meus olhos.
Eu amaria em todas as noites seus olhos castanhos.
E sua expressão atônica enquanto analisa o cenário.
E principalmente o fato de não se importar com o que está ao seu redor.
Mas é essa falta de importância que me exclui do seu mundo.
Poderia até mesmo te ouvir reclamar da chuva eternamente,
enquanto se molha novamente na cidade da garoa.
E me afogaria em cada gota que encosta no seu corpo.
A cada instante ao se lado,
me asfixio em sua essência.
Me cubro por uma colcha de detalhes insignificantes,
mas que completam os significados de meu dicionário sobre você.
E em um desses instantes,
eu perderia um pouco de mim.
Por cada olhar desviado dos meus olhos,
minha mortificação se tornaria real.
Com isso moro um pouco mais,
ou um pouco menos.
Morro ou de amores,
ou de sua rejeição pelo meu ser.
Simplesmente morro por mim,
e renasço por ti.
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