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domingo, 3 de junho de 2012

Apenas continue aqui.

Cada linha, cada cor agora tão clara aos meu olhos. E pensar que eu gastei todo esse tempo apenas desejando ver esse rosto que me acalma o coração. Suas pálpebras levemente magenta. Seus finos e sorridentes lábios, que se curvam tão sutilmente quando fala. As olheiras, que deixavam claro o nível de insônia causado pela hiperatividade. Olheiras tão profundas e sutis, e que estranhamente enquadravam tão docemente seus olhos tão iluminados, olhos tão imensamente negros. Agora eu percebo o quão importantes são os detalhes. O quanto menor ele for, maior o seu impacto no meu ser.

Ainda consigo distinguir o seu cheiro e gosto que grudou-se ao meu corpo. Na minha mente ainda se repete os seus gestos atrapalhados, suas esquivas rudes, e até mesmo o seu rosto vermelho, e som do seu coração acelerado enquanto hiperventilava por estar ao meu lado.

Mas nós não conseguimos achar o nosso caminho para o futuro, cada um virou numa direção e seguiu sem pensar no nós. Tudo o que me restou foi a minha tristeza - a única que não vai me abandonar, que nasceu comigo e assim pra sempre será - e um cigarro imaginário em minha boca. Imaginário, já que eu sou tão medroso que evito até vicios futuros, ou qualquer inutilidade impactante numa vida.

O rastro impactante de dor deixado pela lágrimas no meu coração já não me preocupa mais. Até consigo sorrir normalmente, mas meu corpo debilitado ainda sente a sua falta. Agora me vejo obrigado a te transformar em literatura a cada dia em que a saudade é mais amarga do que eu posso aguentar. Trago mais uma vez o oxigênio, e escrevo uma nova linha sem sentido enquanto imagino os seus lábios a procura dos meus. Escrevo mais um livro com o meu final feliz inexistente, e com a mesma frase final: Apenas continue aqui, mas não só até o fim.

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