Era uma vez um ser vivo. Não era uma princesa. Não era um ser encantado. Não vivia em um castelo. Não tinha poderes mágicos, fadas madrinhas, madrastas malvadas, e todas outras bobagens encantadas. Era simplesmente um ser vivo com uma vida, que fazia o seu melhor a cada dia. Alguém que não esquecia das marcas que a vida lhe deixou. E que tinha sentimentos como cada pedaço do planeta.
Um dia ele se sentiu vazio, normal isso. Normal agora, que se tornou rotina. Ele procurava por algo novo, algo que o faria se sentir vivo novamente. Mas parecia que nada se importava com ele, afinal quem ligaria quando se tem para vender e ocupar espaços com sonhos considerados tão lindos quanto os contos de fadas.E graças a isso, a cada instante ele caia mais e mais entregue a inércia mundial que o rodeava.
A busca por uma alma modificada que o completasse era pior a cada dia. E assim o tempo foi passando. E o conformismo trouxe a alegria. "Se na sociedade não existe alguém, eu não chorarei pelo inexistente." E ele repetia isso a cada dia, quando a dor lhe apertava mais enquanto olhava o pôr-do-sol. A tristeza tornou-se um mantra em sua vida. Pobre ser vivo normal, ele não percebia que tudo aquilo era apenas injúria por não ter algo fantasioso na vida. Ele não conseguia nem ver o contraste das cores, ou ouvir o canto dos pássaros.
E assim o ser vivo alterava-se para ser não-tão-vivo a cada novo dia. E quando finalmente algo novo surgiu, ele apenas ignorou. Ele já estava feliz definhando. Com isso o máximo que ele fez foi sorrir a ver aquela nova alma cheia de vida, radiante de tudo que despertava curiosidade de conhecer e ir embora. E assim mais uma vida foi desperdiçada.
Tristeza e solidão disfarçadas de alegria egocentrica. E o fim doce e dançante chegou, como a tristeza disfarçada de satisfação que se tem quando se acaba de comer uma bala. Um gosto de quero mais amargo que se gruda a língua, mas que é ignorado.
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